sábado, 31 de outubro de 2009

O Tombo do Tempo

créditos a WN. [http://wilsiusnorte.blogspot.com/2008_11_01_archive.html]

O suor mescla-se ao pó que se levanta, cai o homem cansadoPerdido no meio de tanta esperança, cai o sonho do homem, exaustoExaurido em profusão de clamor, tenta encontrar o fio condutorO solo em queda, despencar do alto, em tombo sagrado, quiçá descansarA gota salubre de suor cai, tal qual lágrima celesteO pó levanta-se na marcação dos passosDe sua união, suor e pó, tem-se o tempoAteliê antigo de profanação ou nova nave de adoração?Tempo, templo certamente de algo.Tempo, entendimento meu que me falta entender.Eu, suor mesclado ao pó dos erros, tombo.Nenhuma flâmula é tocada, nenhuma trombeta é ouvida.Não houve nenhum brado que não fosse abafado soluço meu.Não houve nenhuma chuva que não caísse de meus olhos que não choraram.E ninguém, ninguém ao meu lado percebeu que eu estava descalço.E que meus pés não eram de carne, eram de barro.Não é o tempo, eu sei, mas porque me fizeste sonhar?Fazer subir a torre mais alta, pagar o preço do sonho para de lá tombar?Acreditei que poderia ser, não sou... Tempo!Engodo ou sonho, mais um espetáculo a se ver.As pálpebras pesam, o cansaço faz doer a fé.Se eu fechar os olhos ainda poderei ver?O que há para ver além do sonho, caído em meio ao suor e ao pó do tombo meu?Esperança... A espera que cansa.Qual o seu valor diante de um ser que está quase a ponto de blasfemar o cântico?Não morri e nem vivo, entreguei-me ao Espírito e tombei no caminho.Quem disse-me que não estaria sozinho?Cozinho minha fé em minhas lágrimas agora.Como cão, olho minhas cãs e dores, vejo o tempo.Rola o vaso no meio do pó.A chuva, quando vier, irá lavá-lo?Quando a chuva vier, quando vier novamente a esperança.
W.N.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Máscaras


Sempre que coloco uma máscara para encobrir minha realidade fingindo ser o que não sou,fingindo ser o que não sou, faço-o para atrair as pessoas.Mas logo descubro que somente atraio outros mascarados, afastando as pessoas devido a um estorvo: a máscara. Faço-o para evitar que os outros vejam minhas fraquezas, mas logo descubro que por não verem a minha humanidade, as pessoas não podem me amar pelo o que sou e sim pela máscara. Faço-o para preservar minhas amizades, mas logo descubro que quando perco um amigo por ter sido autêntico, ele realmente não era amigo meu, e sim amigo da máscara.Faço-o para evitar magoar alguém e por diplomacia, mas logo descubro que é a máscara o que mais magoa as pessoas de quem quero me aproximar; e que me magoa também .Faço-o com a certeza de que é o melhor que tenho a fazer para ser amado; mas logo descubro o triste paradoxo: o que mais desejo conseguir com minhas máscaras é precisamente o que com elas eu impeço que aconteça. E assim continua; sonhando; porém impedida de realizar.


Gilbert Brenson-Lazán